É zero mesmo?
A
chamada "gordura trans" é um tipo específico de gordura formada por
um processo de hidrogenação catalítica de óleos naturais insaturados. Todos
esses óleos têm ligações duplas de estereoquímica CIS (ácido oleico, linoleico,
palmitoleico etc.). O produto dessa hidrogenação é a chamada gordura
hidrogenada. Acontece que, afora a reação de hidrogenação dessas ligações
duplas (convertendo-as em ligações saturadas como nos alcanos ou nas chamadas "gorduras saturadas" - tipicamente de
origem animal), algumas ligações CIS sofrem um processo de isomerização, sendo
convertidas em ligações insaturadas TRANS. O ácido elaídico é a versão trans do
ácido oleico. Essa gordura está tipicamente presente em produtos
industrializados (sorvetes, margarinas, cremes vegetais, batatas-fritas,
salgadinhos de pacote, pastelarias, bolos, biscoitos, bem como os produtos
preparados com esses ingredientes), pois melhoram a consistência desses
alimentos e também aumentam a vida de prateleira dos mesmos. Depois de todo
esse furor, descobriu-se que o consumo de alimentos ricos em gorduras trans
pode elevar o colesterol total e ainda do colesterol ruim (LDL), além de
reduzir os níveis de colesterol bom (HDL). É importante lembrar que não há
informação disponível que ateste benefícios à saúde a partir do consumo de
gordura trans. A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)
"recomenda" um teto de 2 g dessa gordura por dia...
A legislação exige que sejam registrados valores
acima de 0,2 g por porção de gordura trans no alimento, ou seja, qualquer valor
abaixo disso pode ser declarado como zero... um zero que não é verdadeiramente
zero. Tudo depende apenas do tamanho da porção considerada. Veja o exemplo dado
a seguir, de um famoso biscoito aperitivo...
Disponível em:
https://www.facebook.com/QualitativaInorgUfrj/photos/a.597891616906581.1073741825.577116068984136/1574936119202121/?type=3&theater